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Foto do escritorEliseu Elias Matioli

Namím

Até onde podemos deixar que vivam assim?


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"Namím" é uma palavra que vem do dialeto dos caiapós, etnia que habitou o Brasil em diferentes regiões onde hoje temos os estados do Pará, Mato Grosso e nordeste de São Paulo.


O significado de "namím" é "mentira".


É extremamente forte, e pode causar até mesmo escândalo, quando levanto essa questão sobre a mentira vivida por povos indígenas ainda nos dias de hoje.


Longe de mim ir em direção a esse assunto de forma afrontosa, sem ter respeito por povos que estão nessas terras a muitos anos e já foram os únicos habitantes dessa Ilha de Vera Cruz.


O fato é que, quando se fala em "respeitar os 'verdadeiros' brasileiros", nos esquecemos de exaltar os direitos humanos e princípios, como o acesso a saúde e educação que a Constituição nos assegura.

É lindo poder ter vivo no seio do país etnias que carregam culturas antiguíssimas e tradições milenares de um povo que se quer conhecia os minérios e vivia exclusivamente da caça e da pesca.


Mas, quando tratamos desses povos, muitas das vezes, é como se excluíssemos de nossos argumentos que, acima de tudo, eles são humanos, cidadão brasileiros, que vivem em uma República Federativa que proporciona direitos, mas também deveres.


O fato do abandono desses povos é tão grande que, principalmente em denominações evangélicas, é costumeiro ser realizado excursões em meio a essas culturas arcaicas e, quase sempre, jovens de tribos acabarem embarcando para a "civilização", junto dessas pessoas de fé, para que possam ingressar em faculdades, agências de moda, cursos que tratam de tecnologia...


É uma situação literal de resgate!

Dizer que crianças podem ficar expostas a animais selvagens e peçonhentos não pode ser normalizado! Dizer ainda que é natural viver em casas de palha, sem eletricidade, em chão de terra batida, em situação de miséria é jogar por terra todos os projetos sociais de habitação e assistência social.


O fim é alegar que o governo, por ser "Pátria Mãe", deve proporcionar para esse povos, educação e saúde de qualidade.


Eu levanto a questão: "qual qualidade?"


As escolas públicas das grandes capitais não tem qualidade! Ainda há de se acreditar que o governo tenha capacidade de levar educação e saúde de qualidade para o coração do Brasil, em meio a selva Amazônica, onde não há se quer energia?


Veja nossos postos de saúde, os corredores dos hospitais e me diga se o mesmo governo que proporciona esse descaso é capaz de levar medicamentos para locais onde onde ainda acredita-se em feras do folclore!


Utópico, essa seria a palavra que descreve uma realidade onde de fato isso pudesse acontecer.


A saída para esses povos é deixar de apoiar-se em anciãos que foram doutrinados a ficarem na miséria e libertarem-se para a civilização!


Nossos irmãos nativo-americanos, tem tanto direito quanto nós de acordar e poder caminhar em uma calçada para comprar pão quente pela manhã para seu café.


É deles também o direito de ter acesso ao pré-natal, a exames que previnem o câncer, a saúde bucal, a luz elétrica e tantas outras "regalias" que temos em nossa sociedade.


Não há outra saída para eles, a não ser abraçarem o empreendedorismo, a tornarem suas ocas e danças espetáculos pagos para "inglês ver" literalmente.


Há uma necessidade imediata de trazer mulheres indígenas para perto da segurança militar, onde garimpeiro ilegal algum poderá tocá-las.


O "homem branco" erra ao achar que esse povo tem que ser obrigado a viver na situação que vive até que sua etnia chegue a extinção natural, onde restem apenas irmãos e primos para reproduzirem-se.

Depois de ter dito tudo isso, como conclusão, nada mais justo que reconhecer minha insignificância ao falar de um povo tão grandioso no que representam.


Por mais que possa parecer, com toda certeza a situação de etnias nativas do Brasil não é nada fácil.


Deixar uma cultura ou uma língua morrer de fato, também não parece ser uma ideia que soe bem.


Quantas vezes discutimos em nossas casas sobre o futuro de nossos filhos sem se que questiona-los sobre o verdadeiro desejo deles?

A delicadeza desse assunto transcende a manipulação ideológica que esses povos sofrem. O assunto vai muito além, já que se trata de deixar a história de uma nação para trás.


Mas como questão final, me pergunto, e pergunto para você também, querido leitor:


Até quando olharemos para o passado, dando mais valor a ele do que ao nosso futuro?

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